Invisalign: é possível obter valores sem ir a uma consulta presencial?
Em tempos de desconfinamento, tentamos realizar o máximo de procedimentos, sem recorrer à presença física do paciente na clínica. Neste contexto, os pacientes que usam Invisalign são uns sortudos, porque conseguimos, em larga escala, planear o tratamento sem recorrer a muitas consultas, com consultas por videochamada em diversas situações, aliadas a um envio regular de fotografias intraorais do tratamento.
Como tal, é comum, e temos sido abordados por várias pessoas interessadas em colocar Invisalign nesse sentido, que se procure saber, via planos de tratamento e valores associados para este tipo de aparelho. E, ainda que pareça fazer sentido que este tipo de abordagem seja efectiva e realista, não o é. E passo a explicar porquê.
A primeira consulta, na Spasaúde, é essencial. É a consulta onde conhecemos o nosso paciente, as suas necessidades, os seus receios, os seus objectivos e sonhos. É uma consulta tão pessoal, que traça muitas vezes, o caminho a seguir no nosso plano de tratamento e onde explicamos exaustivamente todos os pormenores relativos ao tratamento. Sugerir valores, ou dar orçamentos, sem saber concretamente o que se passa, além de errado, não é ético!
Nesta consulta, estabelecemos prioridades e objectivos: não podemos colocar um Invisalign num paciente com cáries por tratar, ou com uma gengiva sangrante e doente. Por mais desejo que o paciente demonstre, temos que tratar tudo o que é doença activa antes de passarmos para a fase seguinte: a reabilitação oclusal e do sorriso! E, logo aí, fica descartada uma avaliação não presencial: há cáries que são fáceis de detectar, mas outras exigem cuidado e análise exaustiva para se conseguirem descobrir em fases iniciais.
Por outro lado, existem factores que apenas os profissionais podem avaliar, e que as fotografias que os pacientes nos enviam não podem retratar (ou que muitas vezes o fazem de forma errada). A forma como ocluímos (‘fechamos os dentes’) pode transformar um caso aparentemente simples em um caso mais complexo: é por isso que todos conhecemos pessoas que colocaram aparelho e ‘já tinham antes uns dentes perfeitos’. É que, apesar de parecerem alinhados, a forma como a maxila e a mandíbula ocluíam (‘se fechavam’) não eram concerteza favoráveis a uma boa mastigação.
Além de tudo isto, é preciso não esquecer que a nossa boca e os nossos dentes se encontram na nossa face, e existem componentes faciais de beleza que temos que respeitar, de forma a que o tratamento dentário resulte numa melhoria estética global e não apenas dentária. Costumo explicar isto frequentemente aos pacientes pedindo-lhes para imaginarem uma cara estreita com um sorriso demasiado largo: não fica esteticamente bonito! Em alguns casos, iniciamos já o tratamento Invisalign, com auxílio da harmonização facial, dando volume à bochecha ou realizando procedimentos para realçar a beleza labial.
O Invisalign, apresenta valores a partir dos 1200 euros, que vão aumentando proporcionalmente com a complexidade de tratamento. Essa complexidade apenas pode ser avaliada pessoalmente e não valerá de nada dar um valor que poderá muito provavelmente não corresponder à realidade após uma análise clínica cuidada… Esta atitude apenas gerará conflito e insatisfação, e por isso, não é uma prática comum!
O que aconselhamos aos pacientes é que agendem as vossas consultas de avaliação, para que vos possamos auxiliar nos vossos objectivos de saúde oral. Se o desejo é diminuir as saídas em fase de desconfinamento, informem-nos, e poderemos construir um plano à medida para vocês fazerem menos visitas, o que passa por mais tempo no consultório de cada vez.
O planeamento é a base do sucesso, assim como a confiança e o diálogo entre médico e paciente. E, por mais que queiramos, há coisas que são impossíveis de fazer via digital.
Se desejar, pode ver o antes e depois de alguns pacientes, aqui.
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