A Grávida e a Saúde Oral: Perguntas e Respostas

Abr 8, 2020Perguntas e Respostas, Saúde Oral

O seu corpo está a gerar uma vida, e é natural sentir uma série de alterações no seu corpo. As hormonas também estão ao rubro durante toda esta fase, e têm uma função crucial na ajuda a preparar o organismo para o desenvolvimento do bebé e também influenciam diretamente a saúde oral da mãe.

A produção de hormonas como o estrogénio e a progesterona pela placenta promovem modificações vasculares que desenvolvem a ação bacteriana, e podem provocar inchaço e sangramento gengival, ao qual denominamos de gengivite. Caso a gengivite não seja controlada pode levar a mais complicações como a periodontite, com consequente perda óssea.

Durante estes anos, vimos muitas barrigas a crescer, e acompanhamos depois o crescimento dos bebés das nossas pacientes. Fomos acumulando uma lista com as dúvidas mais frequentes das pre-mamãs, em relação à saúde oral.

 A gengiva sangra mais durante a gravidez?

Sim, existe uma probabilidade maior de sangramento e de dor, sendo que a situação se agrava se não existirem cuidados adequados de higiene oral. É uma questão hormonal e natural. Nesta questão, podemos actuar em várias frentes. Se, por um lado, é importante que a grávida seja seguida periodontalmente, com destartarizações regulares de acordo com o seu grau de risco, por outro lado é essencial que a grávida realize a sua higiene oral de forma regular e correcta. A gravidez é uma fase em que a grávida, por ter o estômago mais comprimido, se alimenta mais vezes por dia, o que deverá afectar a regularidade com que os dentes deverão ser escovados.

Durante a gravidez os dentes ficam mais fracos porque o cálcio vai para o bebé?

Não. O cálcio continua de forma cristalina e estável nos dentes da mãe, e não sai de forma miraculosa para os ossos do bebé… Não há estudos científicos que revelem esta associação, mas continua a ser um mito difícil de desenraizar.

A gravidez enfraquece os dentes e como tal aumenta o risco para a cárie dentária?

Não. Antes de engravidar, deve consultar o dentista,para se certificar que não existem focos de infeção nem cáries na boca. A pré-existência de cáries, pode promover um agravamento da situação durante a gravidez, também porque a grávida come mais vezes por dia, e raramente a escovagem é mais frequente. De forma directa, a gravidez não aumenta a incidência de cárie dentária.

 Em caso de dor de dentes que medicação pode ser feita?

Na gravidez, apenas se podem utilizar medicamentos muito bem conhecidos e testados, a maioria dos quais já se usa há mais de 20 anos, tendo sido provado não terem efeitos no feto. Se está grávida, não deve fazer qualquer tipo de medicação sem primeiro consultar o Médico Dentista, no que toca à saúde oral. Podem ser realizados tratamentos dentários, que permitam o alívio da sintomatologia, e existem anestesias próprias que não interferem com o normal desenvolvimento do bebé. A medicação é sempre dada com muita precaução, e depende diretamente do tipo de dor que a paciente está a sentir.

Em que trimestre se podem fazer tratamentos dentários?

Sempre que seja necessário intervir numa grávida, os tratamentos dentários devem ser realizados no 2º trimestre, idealmente. Nesta fase, o feto já tem alguma maturidade. No 3º trimestre, a partir do meio do 7º mês principalmente, é desaconselhado por ser demasiado desconfortável para a grávida e porque poderá haver compressão de veias importantes que causem má disposição da mãe.

As consultas devem ser feitas de manhã e serem de curta duração, o que nem sempre é possível, já que a maioria das pré-mamãs hoje em dia trabalham.

As grávidas podem efetuar qualquer tipo de tratamento dentário?

Sim. Está cientificamente provado que uma infeção oral é mais prejudicial para o bebé do que o tratamento dentário em si, mesmo que seja necessário utilizar anestesia. Além disso, como já referimos, existem anestesias próprias para esta fase da vida da mulher.

É verdade que a gengivite ou a periodontite podem originar partos prematuros?

Segundo alguns estudos, as grávidas com problemas dentários, como gengivites ou periodontites, possuem um maior risco de ter partos prematuros ou dar à luz bebés com baixo peso (inferior a 2,5 quilos).

Isto deve-se ao facto de as bactérias responsáveis por estas doenças originarem infeções na boca, que percorrem a corrente sanguínea e se fixam no líquido amniótico e na placenta. Como são microorganismos nocivos, o corpo da mãe rapidamente entende que precisa salvar o bebê e, por essa razão, inicia o trabalho de parto.

A higiene oral é a medida preventiva mais eficaz para evitar infeções da cavidade oral. Os microorganismos presentes em casos de doenças como a cárie dentária e doença periodontal são prejudiciais para o bebé.

É ainda de salientar, que a ação hormonal ainda é capaz de reduzir o pH da saliva, ou seja, deixá-la mais ácida. Tal mudança pode prejudicar o esmalte dos dentes e estimula o aparecimento de cáries, principalmente no primeiro trimestre, quando o corpo está na fase mais atribulada de adaptação à gravidez.

 

Mensagem da Dra Ana Ferraz

“Nunca desista de um sonho pelo tempo que vai levar a realizá-lo. O tempo passará de qualquer forma.”

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